No treinamento funcional, o foco principal é o movimento, então o profissional deve prescrever exercícios que simulem e, ou, se aproximem ao máximo das atividades diárias ou do esporte praticado. Assim também é possível priorizar exercícios que previnam lesões.
A base para a prevenção de lesões é o fortalecimento dos músculos estabilizadores, ou core muscles, podemos considerar esses como os músculos abdominais, do quadril, região lombar, e segundo alguns autores, os músculos do ombro também compõem o core. Estes grupos musculares tem função estabilizadora, reforçando as articulações.
Na minha visão, hoje não adianta priorizar os músculos mobilizadores, ou seja, os músculos de camadas mais externas. Esteticamente, por exemplo, entre os homens é comum priorizar os braços, principalmente o bíceps. A base é negligenciada, e nesse caso, a chance de lesões é muito maior. Além disso, com os músculos estabilizadores bem treinados, a força funcional do bíceps aumenta, o que proporciona maiores ganhos estéticos. Então, atualmente, por tudo que venho lendo, aplicando e experimentando no treinamento funcional, é essencial iniciar o trabalho visando criar uma base muito forte nos músculos estabilizadores.
Fortalecendo o core, o desempenho nos treinos e competições aumenta, pois o corpo responde melhor aos estímulos. Utilizo o exemplo da corrida de rua, onde é comum pessoas treinarem correndo por uma ou duas horas. Imagine esse indivíduo exercendo os movimentos repetitivos da corrida, além disso todo o impacto causado na coluna, quadril, joelhos e tornozelos, durante duas horas de treino. É necessário ter o core forte para pelo menos atenuar o impacto, além de melhorar a performance e econômia de energia, mantendo a biomecânica de corrida correta.
Para ocorrer uma lesão não precisamos exercer grande esforço em uma articulação. Basta um movimento simples, caso os estabilizadores não estejam em perfeitas condições, ou se o movimento foi realizado com descuido ou rapidamente, pode haver uma grave lesão.
Agora o jogador foi submetido a cirurgia e não jogará no mínimo por seis meses. O atleta estava jogando futebol de campo há três meses, pois atuava no futsal. Agora perde seis meses de adaptação, e talvez a chance de se tornar um grande atleta. Não conheço o tipo de trabalho realizado no Grêmio, não sei se aplicam um fortalecimento funcional nos atletas. O que ressalto é que a lesão pode ocorrer até em indivíduos que tem um core forte, mas as chances e gravidade da lesão é sem dúvida menor, caso os estabilizadores e o sistema proprioceptivo estejam bem estimulados.
Impressionante, mas acontece, outro atleta rompeu os ligamentos anos atrás, cortando as unhas dos pés. Um movimento simples e funcional que um atleta profissional realizou e acabou tendo uma grave lesão. Aí, talvez o que tenha faltado seja propriocepção e mobilidade articular. Mas é difícil acreditar no caso, mas ocorreu. O que não posso acreditar é que falte essa consciência corporal em um atleta profissional, que depende do seu corpo bem condicionado, e este não tenha mobilidade articular suficiente para cortar suas próprias unhas.
Por isso enfatizo a importância de treinar de dentro para fora, aliás esse é um dos princípios do método criado por Joseph Pilates. Para ter o mínimo desempenho possível, realizando as atividades de vida diária com qualidade e autônomia é necessário treinar de dentro para fora. Imagine no esporte, essa demanda é muito maior, e ter o core forte e bem treinado pode fazer a diferença entre quebrar e chegar, entre perder e vencer. Por isso não esqueça do core, o pilar de sustentação do corpo.
FROM THE CORE!
Fabiano Piassarollo
"Core Life Performance"
(51)- 9198-4039/3337-8924